CORPO ERETO é uma co-criação entre a artista Maíra Andrade e Fonte, que parte do tema Conflito e Tensão integrado na nossa programação/ temática anual — A performance (envolveu-se a partir dum ato também encenado pela Maíra no festival Ano 0 em 2021) refletem alguns processos inerentes à experiência de corpos negros, como os estados passivo- aflito- calmo. Pensando o quotidiano e o que nos permite estar presentes; 
a Respiração.


Na experiência diásporica aonde nos deparamos com episódios que sufocam e renegam o direito ao descanso.. como restabelecemos os poderes desse corpo?

Quando o clima de tensão criado pelos impérios coloniais ainda adoecem, frustram e cansam  o corpo negro. A não permissão da existência negra, torna a luta pela liberdade um processo complexo para gestão de energias desse corpo.

Ouvindo e exercitando estás formas existenciais de estar passivo- aflito- calmo, tentamos imaginar a distribuição dessa mesma energia:

- O estado passivo age como uma não atuação, que permite imposições sobre o corpo, portanto sem que este exerça ação. Neste registo o ‘eu’ é construído pelo imaginário ocidental e a identidade programada a partir duma história falaciosa.

- O estado aflito ao impulso do confronto com realidade, na atribulação de sentimentos de não pertença. Em tormento ocorre na busca apresada de formas pra existir.

Talvez  imaginar e especular estados emergentes, nos permita pensar na utopia da liberdade de forma à encontramos no processo, o estado calmo. Pois nos aproximamos das pluralidades do que somos e podemos vir a ser.

Na construção de um quotidiano onde nos vemos, nos movimentamos e nos cobrimos com uma manta e descansamos — talvez comecemos tudo de novo partindo dum imaginário nosso.